Ruby Sparks
Realizadores: Jonathan Dayton, Valerie Faris
Elenco: Paul Dano, Zoe Kazan, Annette Bening
Ano: 2012
Duração: 104 min
Pontuação: 4/5
Sinopse: Este filme retrata a história de Calvin (Paul Dano), um romancista que sofre de um bloqueio criativo que atrapalha o desenvolvimento de seu novo livro. Colecionador de problemas emocionais, este começa a sonhar e a escrever sobre uma personagem feminina, apaixonando-se aos poucos por ela.
Critica:. Realizado pelos diretores responsáveis pelo adorável Little Miss Sunshine e escrito pela Zoe Kazan ( a atriz que interpreta Ruby e namora com Paul Dano) , este é mais um filme que nos obriga a pensar nas expectativas que criamos em torno dos outros.
Calvim é um escritor jovem de sucesso que vive só tendo apenas como companhia o seu irmão, o psicólogo e o editor. Mantém-se, por opção, antissocial e rabugento, alimentando o egocentrismo próprio de um escritor. Para ultrapassar a fase má fase que está a viver, o seu psicólogo pede-lhe que escreva algo provocador, que acaba por ser a rapariga perfeita que este criou num sonho que teve. Ruby Sparks (Zoe Kazan), que inicialmente é a rapariga com que sonhou e a personagem principal do seu novo livro, começa a ganhar vida, mudando-se para casa de Calvin e sendo mesmo apresentada à sua família.
A verdade é que quando a primeira fase do romance é ultrapassada e começam os problemas habituais que existem num relacionamento, Calvin decide escrever a forma como quer que Ruby se comporte, de forma a que esta não o abandone. A sua dependência é de tal forma exagerada , que o leva a manipulá-la de forma ridicula. É talvez o sonho de qualquer homem: conseguir adaptar a namorada à sua personalidade, aos seus gostos, hábitos e interesses, controlando a sua personalidade, o seu físico, a sua vontade, os seus sentimentos.
Assim, o problema central do enredo, é a dificuldade que temos em aceitar as outras pessoas pelo que são, sobrepondo o nosso egoísmo à natureza da pessoa. Basicamente Calvin cria a mulher perfeita aos seus olhos, obriga-a a comportar-se conforme a sua vontade, e ainda assim não consegue viver feliz. Deve ser realmente exaustivo e deprimente decidir todos os movimentos de outra pessoa, principalmente uma pessoa que é especial para nós. A criação de um amor platónico, é sempre a expectação de alguém perfeito, o que nos conquista e entusiasma muito facilmente. No entanto, a realidade é o que é, e quando começamos a conhecer uma pessoa, é natural que encontremos defeitos que nos desagradem e que muitas vezes nos desiludam, devido às expectativas que criamos.
A mensagem do filme é exatamente essa: a perfeição não é algo real, e o amor só pode ser definido como tal, quando representa a aceitação das falhas do outro.
Um filme bonito e muito fácil de se ver.