A Insustentável Leveza do Ser
Autor: Milan Kundera
Ano: 1984
Número de páginas: 368
Editora: Dom Quixote
Classificação: 5/5
Síntese: “A Insustentável Leveza do Ser é seguramente um dos romances míticos do século XX, uma daquelas obras raras que alteram o modo como toda uma geração observa o mundo que a rodeia.”

Critica: Não vou negar, tinha as expectativas realmente a rebentar a escala em relação a este clássico. Felizmente posso dizer que não me desiludiu.Prendeu-me a atenção desde a primeira página e conquistou-me logo na primeira frase quando Kundera nos obriga a refletir sobre a ideia do eterno retorno do meu estimado Nietzsche.
O livro assenta na ideia de que a existência humana pressupõe leveza e peso. Se por um lado tudo acontece apenas uma vez e não há como saber se outra decisão teria sido melhor, por outro, todas as decisões são definitivas e não se repetem.
Numa escrita introspectiva Kundera apresenta-nos Praga dos anos 60 sob a perspetiva dos diversos personagens. Tomas, um médico respeitado , apolitico e com um grave problema com a monogamia, a sua insegura e perturbada esposa Teresa, uma das suas amantes,a artista plástica Sabine e o amante desta, Franz. Em 1968 na "Primavera de Praga" as suas vidas transformam-se para sempre quando os tanques soviéticos invadem a cidade e as suas vidas começam a ser ditadas pela politica.
(Só posso dizer que Kundera é realmente um dos mestres na criação de personagens. Num quadro de excelência de pormenor Kundera presenteia o leitor desde a análise aos perfis psicológicos à descrição credivel da infância, do percurso de vida,das relações e dos pensamentos dos mesmos. Sendo todos eles peculiares e interessantes,tenho que confessar que a minha personagem favorita foi Teresa. Apesar da sua carência absurda e do culto por um homem que não a respeita, Teresa é uma personagem idealista. Proveniente de uma familia disfuncional e humilde, demonstra inteligência e uma vontade enorme de evoluir intelectualmente. É também a personagem que mais reflete sobre o conceito e a relação entre o corpo e a alma.)
Neste livro as reflexões politicas são uma constante. São alargadas as criticas ao comunismo, muito especificamente ao comunismo fascista de Estaline. Kundera critica duramente o ideal estético de Kitsch , principalmente o Kitsch soviético que pretendia mostrar à sociedade o comunismo como uma fortuna divina. O autor reflete também sobre a criação humana e critica a integridade individual que se desfaz pela necessidade que o indivuo tem em sentir-se integrado.
Este é um daqueles livros priceless que toda a gente devia ler. Passou diretamente para a minha lista de livros preferidos!
Nota: O livro foi adaptado ao cinema em 1988. Podem ver aqui o trailer:www.youtube.com/watch?v=Cn5EIGlzbqY
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