Maestra
Autor: L.S.Hilton
Ano: 2016
Número de páginas: 304
Editora: Presença
Classificação: 3/5
Síntese: “Durante o dia, Judith Rashleigh trabalha numa prestigiada leiloeira de Londres, ambiciona uma carreira no mundo da arte e, apesar das origens humildes, tornou-se numa mulher sofisticada. Para fazer face às despesas, aceita trabalhar durante a noite como acompanhante num dos bares da capital. Mas depressa o sonho de uma vida luxuosa se desmorona. Após um acontecimento que marca o seu destino, Judith envereda por um caminho violento e tortuoso. Assistimos à ascensão de uma mulher à margem da lei e da moral, segura do seu rumo. Mais do que possível, será a redenção desejável?”

Devo confessar que nas primeiras páginas deste livro invejei a ambição, a coragem e o calculismo da protagonista, coisa que durou muito pouco. Neste livro voltamos a um período pré-histórico onde as mulheres não passam de um acessório/naco de carne, que para roubarem um bocadinho do poder dos homens usam a manipulação e a sedução fácil através do sexo . É difícil que algo me consiga ferir a suscetibilidade, mas a indiferença da protagonista para com as pessoas e os valores em detrimento do dinheiro e do sucesso perturbou-me. Perturbou-me a possibilidade da existência de mulheres e homens assim, e ainda mais o fato de estar inconscientemente a assumir que a protagonista fora inspirada na própria autora.
Tal como na leitura do inesquecível Pintassilgo da Dona Tartt, as constantes referências ao mercado e à construção do valor artístico não só contribuiram para alargar o meu conhecimento do mundo da arte, como me fizeram realmente interessar pela pintura dos grandes mestres do Renascimento. A pintora italiana Artemisia é sem dúvida uma das heroínas da protagonista que transcreve da sua obra, a determinação, a frieza, a violência e até a crueldade.
Tenho que assumir que o final do livro surpreendeu-me. Ok, surpreendeu pela negativa, mas ainda assim há que reconhecer o mérito da surpresa. Não sou de me arrepender por nenhuma leitura, mas não lhe consigo reconhecer o valor de acontecimento literário do ano, nem longe nem perto. De qualquer forma, leiam e tirem as vossas próprias conclusões.