Livros preferidos 2015
7- A Campânula de Vidro- Sylvia Plath
Pensei seriamente se devia inserir este livro numa lista de favoritos. É um livro pesado que me custou a ler, não pela sua complexidade linguística mas pelo peso do seu conteúdo. Tema central: depressão e suicídio. Foi uma leitura que me marcou muito e por isso considerei que merecia um destaque. Provavelmente nunca voltarei a lê-lo.
6-A Insustentável Leveza do Ser -Milan Kundera
Milan Kundera não é para todos, nem para todos os momentos. É preciso espaço e tempo mental para que saibamos aprecia-lo como merece. Apesar de não ser o primeiro livro que tinha lido do autor este marcou-me muito. Recheado de metáforas, reflexões sobre a incoerência humana , criticas político-culturais e uma complexidade no que toca às explicações para o não sentido da vida, não deixa de me surpreender com uma simplicidade genial.
5-Aparição -Virgilio Ferreira
Com alguma culpa assumo que tenho preguiça de autores lusófonos. E não é pela falta de talento, muito pelo contrário. Criei o preconceito de que como os portugueses em geral, estes escritores são rígidos na melancolia, como que se sobrevivessem através dela. Assim, nunca tinha lido Virgílio Ferreira até à aparição. Alguém mo aconselhou justificando-o com o meu gosto pelo existencialismo. Num tom secretamente filosófico, este livro descortina a existência do ser pensante, questionando o encontro do eu consigo mesmo, a intima relação com a morte, o silêncio, a nostalgia e a angustia. Posso dizer que vivi e adorei este livro do início ao fim.
4- À espera no centeio- J.D Salinger
Um dos livros mais brilhantes que já li. Salinger conquistou-me completamente depois de ter lido este livro. Numa voz narrativa aparentemente simples, aproxima-nos do protagonista como se de um irmão se tratasse, e revela através de uma compaixão pela fragilidade humana, a complexidade da perda da inocência e a decadência da vida adulta. Não é por acaso que é um dos livros mais lidos e também um dos mais polémicos. Sem querer acrescentar muito mais, leiam. O (pouco) que vem deste Sr. é ouro.
3- Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios- Marçal Aquino
Um dos melhores livros brasileiros que já li. Marçal Aquino é um tesourinho de que todos deveriam já ter ouvido falar. Criador de personagens marcantes e de uma escrita espontânea que flui muito ao estilo Bukowski, este livro é genial na conceção técnica narrativa de sobreposição de acontecimentos e situações paralelas. Um livro doce e trágico capaz de arrebatar qualquer coração.
2-A arte de Chorar em Coro- Erling Jepsen
De Erling Jepsen, escritor da qual nunca tinha ouvido falar, este livro despertou-me a atenção pela capa que é simplesmente brilhante. (quem defende que não se pode julgar um livro pela capa esta só a mentir). O autor usa a infância para mostrar como a ingenuidade pode ser perturbadora e encobrir os horrores a que a realidade social nos obriga. É um livro extraordinário, carregado de sarcasmo e humor negro, ternura e crueldade, que nos oferece uma visão rural da Dinamarca e nos deixa com um sabor agridoce no peito.
1-Mulheres- Charles Bukowski
Este é um dos livros mais famosos do Bukowski e apesar de não ser sequer um dos meus preferidos, foi o primeiro que li, e por isso o mais importante. Quando abri este livro não estava preparada para o que ia encontrar: uma escrita diferente de tudo o que tinha lido até ali. Uma linguagem confessional, apressada, sexual e agressiva, sem qualquer pudor num cenário de promiscuidade e decadência boémia. Fui completamente apanhada desprevenida, e confesso, não gostei. Ainda assim decidi dar o benefício da duvida e acabei o livro. No fim, comecei a entender a sensibilidade por entre linhas, a sabedoria que escondia no uso exagerado de palavrões. Quando dei por mim, consumia tudo o que era livro do autor, e passei a considera-lo não só um dos meus escritores preferidos, como um dos poetas mais marcantes da história literária.