À Espera no Centeio

Autor: J.D.Salinger

Ano: 1951

Número de páginas: 240

Editora: Quetzal Editores

Classificação: 5/5 

Sintese: " A voz do seu protagonista, o anti-herói Holden Caulfield, encontrou eco nos anseios e angústias das camadas mais jovens, tornando-o numa figura icónica do inconformismo. Da mesma forma, os temas da identidade, da sexualidade, da alienação, e do medo de existir, tratados numa linguagem desassombrada e profundamente original, fizeram de "The Catcher in the Rye" um símbolo da contracultura dos anos 50 e 60."

Critica:

Provavelmente por andar a viver numa fase em que como, durmo e vivo da "beat generation", este livro foi uma das melhores one night stand literárias da minha vida.  Uma linguagem tão aberta, acesa e real que nos embrenha numa conversa de café com um velho amigo, o autor. Mais uma voz curiosa, sensível, inconformada, àcida, confusa, romântica e rebelde que se mantém longe da sociedade que a cerca. Temas como a prostituição, drogas,  sexo, violência,  solidão, cinema, alcoolismo, religião, morte e amizade, são aqui retratados num contexto aparentemente  trivial na vida do jovem Holden, o protagonista.

 

O livro inicia com o internamento do protagonista, que nos diz de forma entediada, quase infantil,o que aconteceu até ali. O livro narra assim o fim-de-semana após a expulsão de Holden da escola que frequentava até ao momento do seu internamento.

 

Apesar da tenra idade e dos maus hábitos, do desinteresse escolar e da carência de perspetivas de futuro construtivas, o protagonista revela uma generosidade impactante e uma educação extraordinária. Revela gosto em ler, mas confessa que não é inteligente, assim como quase todos os que o rodeiam. Não sabe bem quem é, o que quer, mas o sentimento de confusão é quase sempre anulado pelo de ódio. Detesta cada pormenor da sua patética vida e a dos que o rodeiam. A excecão são os irmãos, pela qual revela uma grande admiração e pela qual nutre um amor incondicional. Não têm paciencia para os idiotas, para os exibicionistas e para os pseudo-intelectuais. 

 

Holden  revela uma espécie de complexo de superioridade na forma como encara e compara a sua vida à dos outros. Acredita que o vêm como perdido, mas sabe que são eles, na sua conformidade, que à muito se perderam. Ainda assim tenta sucessivamente criar laços com as pessoas, sem sucesso, considerando-os irremediavelmente falsas e vazias.

 

 Quando questionado pela irmã sobre aquilo que realmente gosta, ele refere Allie, o seu irmão falecido. E acrescenta que a única coisa que gostaria de fazer a vida inteira é observar  um grupo de crianças a correr no campo de centeio que acaba num precipicio. A unica coisa que realmente gostaria de fazer , seria apanhar as crianças quando estivessem prontas a cair.

 

Por todo o livro existe uma espécie de  sentimento de injustiça presente na voz amargurada do autor. Repleto de metáforas, a leitura deste livro  poderá ser  subjetivada de  forma distinta e infinita dependendo da perspetiva de cada leitor. 

Para mim, a perda do mundo infantil, da genuinidade, pureza e inocência, em deterimento das expectativas, da rotina, da hipocrisia e do capitalismo do mundo adulto foi demais para ele.

 

O final do livro marcou-me. É um daqueles finais deixados em aberto que implica que mesmo que o queiramos , o livro nunca mais vai sair da nossa cabeça. Neste caso, do coração. 

 

Recomendo!

 

 

Curiosidade: 

Mark Chapman, o assassino de John Lennon, referiu que se inspirou neste livro ao cometer o crime.

 

 

 


 

 

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