A Festa da Insignificância

Autor: Milan Kundera

Ano: 2014

Número de páginas: 160

Editora: Dom Quixote

Classificação: 4 /5

Síntese: “Lançar luz sobre os problemas mais sérios e, ao mesmo tempo, não proferir uma única frase séria, estar fascinado pela realidade do mundo contemporâneo e, ao mesmo tempo, evitar qualquer realismo, eis A Festa da Insignificância, onde o riso, inspirado na nossa época, é cómico porque perdeu todo o seu sentido de humor.Um surpreendente romance que coloca em cena quatro amigos parisienses que vivem numa deriva inócua, característica de uma existência contemporânea esvaziada de sentido.”

 

Critica: 

Conheci este autor através de uma das coleções literárias da minha mãe. De entre muitos, um titulo chamou-me a atenção  - A insustentável leveza do ser, de Milan Kundera- Que título tão bonito,poético e marcante! Assim,decidi investir no escritor e começar por ler a festa da insignificância (por ser realmente muito pequeno e por ter sido o livro mais recente do autor) e poder avaliar se de fato, a escrita de Milan Kundera me agradaria como agradava a tanta gente.

A verdade é que me deslumbrou. Tem quase tudo o que eu aprecio num bom livro. Uma escrita leve mas que nos pesa na consciência, um enredo fluido, personagens interessantes numa cidade maravilhosa, e um leque variado de reflexões filosóficas. 

Adoro livros que nos acrescentam. Não me refiro apenas à aquisição de informação , mas do fato de terem a capacidade de se tornarem parte de nós, quase uma extensão do que somos. Este é um deles.

O livro encontra-se organizado em pequenos capítulos, centrados em cada um dos amigos e dos seus dilemas existenciais.Vitima de uma exilação  entre outras conseqûencias do regime politico, Kundera não se preocupa em criticar o regime comunista. Através de constantes referências a personagens políticas russas, como Estaline e kruchtechev, o autor faz reflexões de uma perspicácia aturduante, num tom filosófico/irónico mascarado de uma banalidade que é de todo intencional, e nada menos do que brilhante.

Dentro das reflexões de cada uma das personagens, achei curiosa a opinião do autor que toma por uma inutilidade/nocividade o facto de se ser brilhante, oferecendo ainda um exemplo prático: "Quando um tipo brilhante tenta seduzir uma mulher, esta tem a impressão de entrar em competição. Sente-se obrigada a brilhar também. A não se oferecer sem resistência. Enquanto que a insignificação liberta-a. Livra-a de precauções. Não exige nenhuma presença de espirito. Torna-a despreocupada, e portanto, mais facilmente acessivel."

Durante toda a leitura, encontrei apenas um defeito, que poderá ou não, realmente sê-lo: o tamanho do livro. Acredito que 160 páginas são realmente muito pouco para absorver e assimilar tanta informação e complexidade. Gostaria de poder contar com pelo menos mais cem para desfrutar com mais rigor e compreensão o livro.

Só resta dizer que este livro despertou-me a vontade de ler muito mais de Milan Kundera e que mal possa, vou desfolhar mais uns quantos! 

Recomendo muito!


	

	

 

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