Fahrenheit 451

 

Autor: Ray Bradbury

Ano: 1953

Número de páginas: 196

Editora: Europa-América

Classificação: 5/5

Síntese: “O sistema era simples. Toda a gente compreendia. Os livros deviam ser queimados, juntamente com as casas onde estavam escondidos... Guy Montag era um bombeiro cuja tarefa consistia em atear fogos, e gostava do seu trabalho. Era bombeiro há dez anos e nunca questionara o prazer das corridas à meia-noite nem a alegria de ver páginas consumidas pelas chamas... Nunca questionara nada até conhecer uma rapariga de dezassete anos que lhe falou de um passado em que as pessoas não tinham medo. E depois conheceu um professor que lhe falou de um futuro em que as pessoas podiam pensar. E Guy Montag apercebeu-se subitamente daquilo que tinha de fazer...”

Critica: Aquele que é considerado um dos melhores livros de ficção científica, foi durante anos um buraco negro no meu universo literário. (E vou partilhar a culpa da ignorância com esta edição portuguesa pobre e feia como tudo, comparada à brasileira ou à americana)

Ler este livro foi uma surpresa boa. As personagens possuem um delineado não muito detalhado, mas diversificado e interessante o suficiente para nos encantar. Montag, o protagonista, transforma-se ao longo do livro e passa de trabalhador leal a um homem que questiona tudo. Clarisse, a jovem que o faz começar a questionar-se, relembrou-me bastante o principezinho de Saint-exupery, ao revelar tanta sabedoria através da simplicidade dos gestos de uma criança. Mildred, a esposa de Montag, foi a personagem que pela impassividade, conformismo e vazio interior  me despertou mais  irritação.

Escrita filosófica, existencialista, poética. Uma critica social intemporal. Num mundo onde reina a impaciência, a sociedade vive apressada, transformando a vida numa agenda onde passear, sentir e pensar não fazem parte das rotinas. Existem dois pilares: trabalho e diversão. O desporto e a televisão são a desculpa perfeita para não se pensar. A leitura e aquisição de livros foi transformada num ato criminal. O motivo? A necessidade de manter a paz de espirito da população, destruir tudo o que possa eliminar o sentimento de superioridade, a excitação, o prazer e a felicidade. Os livros, a sociologia e a filosofia são proibidos por um motivo, a sua inconveniência: movimentam-se em pensamentos contraditórios e melancolia roubando a paz a quem se questiona.

Há uma citação no livro que me marcou. “Começas a questionar-te sobre o porquê das coisas, e se insistires, acabas por te tornar realmente muito infeliz.” Acredito fielmente nesta frase. E acredito ainda mais que conhecimento é poder, e quase sempre vale mais do que uma felicidade regada a ignorância. Literatura, liberdade, politica e ditadura. Sonhar, envelhecer, viver e deixar viver. Foram algumas das coisas com que debati no fim desta leitura.

 

 Uma das melhoras leituras deste ano e um livro que recomendo imenso. (Para os mais preguiçosos, também é um livro pequenino que se lê num sopro) LEIAM!