Morreste-me
Título: Morreste-me
Autor: José Luís Peixoto
Ano: 2000
Número de páginas: 64
Classificação: 4/5
Síntese:
Uma obra intensa, avassaladora e comovente: é o relato da morte do pai, o relato do luto, e ao mesmo tempo uma homenagem, uma memória redentora. Um livro de culto há muito tempo indisponível no mercado português.
Critica: Ouvi falar neste escritor português algumas vezes, conhecia a sua poesia, mas nunca tinha lido nenhum livro seu. Há uns meses decidi que estava na altura de conhecer, pelo menos, um dos seus livros e acabei por integrar o ‘Morreste-me’ na Wishlist de 2014.
Este livro é bastante pequeno, pelo que numa manhã, bebi-o num trago. Sim, o livro é pequeno, as frases são pequenas, e ainda assim guarda uma emoção gigantesca. O autor descreve em frases microscópias, a enorme tatuagem que a morte do seu pai desenhou no seu corpo, no seu coração.
Através de um monólogo, o autor vai conversando com o pai, relembrando os bons e maus momentos que nunca lhe permitirão esquece-lo. A descrição da sua infância, do “trator” de "jogar à bola”, “andar na telescola”, e a “coelheira”, fizeram-me recuar até à minha própria infância.
Este livro é uma viagem intimista e honesta, à dor de quem já se perdeu com a morte de alguém.
Uma escrita poética, onde as palavras, tanto nos aquecem, como nos gelam.
“E a capela de S. Pedro cheia de gente a abraçar-me, cheia de gente a dizer-me coitadinho e os meus pêsames e sinto muito, cheia de gente a procurar-me e a querer agarrar-me e prender-me e dizer coitadinho e os meus pêsames e sinto muito. Pai. Perder-te.”