Música para Água Ardente
Autor: Charles Bukowski
Ano: 1983
Número de páginas: 280
Editora: Antígona
Classificação: 5/5
Síntese: "Uma trintena de breves histórias, consistentemente mordazes, hilariantes e grotescas, nas quais reencontramos amiúde o infame alter ego chinaski e a galeria de suspeitos do costume nos contos etílicos do autor: vidas encalhadas, inebriadas por frustracoes incuráveis. Numa ronda aos tropeções por maus bairros, Bukowski, fiel a si mesmo, prossegue a crónica dos espoliados da sociedade americana, desta vez ao som da água quente que escorre dos radiadores nos míseros motéis de Los Angeles."
Critica:
Quem me conhece sabe que não consigo falar em livros sem citar bukowski uma ou duas vezes. É inevitável.
Ao longo da caminhada pela descoberta do autor e do seu percurso literário criei esta teoria baseada na minha própria experiência, de que quem gosta de um livro do Buk, gosta de todos. Se os temas que o escritor prioriza são quase sempre os mesmos,é no seu tom sarcástico de anti-herói que reside o segredo que nos prende e torna possível continuar a absorver e devorar a sua obra sem cansaço.
Este livro consiste na junção de diferentes contos, separados à nascença por diferentes protagonistas, temas e espaços cronológicos. Os habituais cenários de sexo, alcool,violência e solidão são-nos apresentados de forma a constrangir e dessassossegar o leitor mais insensivel à fatalidade da existência. Ainda que as suas considerações mantenham um tom negativista, àcido e muitas vezes hipócrita, Buk revela um amadurecimento da linguagem e da formulação das reflexões criticas.
Através das decisões e atitudes dos personagens, estes contos forçam-nos a enfrentar algumas questões dentro da filosofia social e a questionar o nosso posicionamento real sobre elas. Buk impoe-nos a dúvida e obriga-nos a ir mais longe. Particularizar conceitos como certo e errado, bom e mau é uma tarefa intricada mas estimulante que nos conduz a conclusões inesperadas. Afinal, apesar de todas as falhas e imperfeições, da prodidão do seu aspeto e da sua vida, Chinaski é reconhecido como um homem bom.
Um livro ao nível do autor. Recomendo!
Nota: Se já era fã da Antígona, esta edição do livro deu completamente cabo de mim... Entretanto, este mês a Alfaguara lançou uma re-edição do livro Mulheres , também ele lindo de morrer.