O braço esquerdo de Deus

Autor: Paul Hoffman

Ano: 2014

Número de páginas: 400

Editora: Porto Editora

Classificação: 4/5

Síntese: O Santuário dos Redentores é um lugar vasto e isolado - um lugar sem alegria e esperança. A maior parte dos seus ocupantes foi levada para lá ainda em criança e submetida durante anos ao brutal regime dos Redentores, cuja crueldade e violência têm apenas um objecivo - servir a Única e Verdadeira Fé.

Num dos lúgubres e labirínticos corredores do Santuário, um jovem acólito ousa violar as regras e espreitar por uma janela. Terá talvez uns catorze ou quinze anos, não sabe ao certo, ninguém sabe, e há muito que esqueceu o seu nome verdadeiro — agora chamam-lhe Cale.É um rapaz estranho e reservado, engenhoso e fascinante. Está tão habituado à crueldade que parece imune a ela, até ao dia em que abre a porta errada na altura errada e testemunha um acto tão terrível que a única solução possível é a fuga.

Mas os Redentores querem Cale a qualquer preço… não por causa do segredo que ele sabe mas por outro de que ele nem sequer desconfia.

Critica: Com este primeiro volume da trilogia, Paul Hoffman revela-se um escritor inteligente, mordaz, com uma imaginação e sensibilidade fora do comum. Posso mesmo dizer, sem consciência pesada nem culpas, que nunca li nada parecido com este livro.

O autor criou um ambiente intenso, estranho e violento, onde são discutidas questões de cariz religioso, político, econômico e militar, num tom tão divertido como sarcástico, tão cruel como chocante.

 Na descoberta de um mundo fantástico onde já é habitual o exagero e extravagância da fantasia, o autor criou um mundo sob pilares coerentes, uma sociedade díspar mas madura, com fronteiras, instituições e padrões sócio culturais, no mínimo, exímios e geniais, que servem o seu propósito: levarem-nos a questionar a possibilidade da sua veracidade.

Um das conquistas do livro foi o fato da idade das personagens não definir e/ou comprometer o seu caráter e ações, algo muito raro nos livros de hoje. A maturidade das mesmas é visível na consciência e coragem que são retratadas de uma forma tão natural e humana. O protagonista é uma contradição irresistível de talentos e defeitos, perfeições e imperfeições: inteligente, corajoso, implacável e mortífero, não passa de um jovem inocente, que revela ingenuidade e compaixão por um mundo que não entende.

Este é um livro para quem se interessa por questões sociais, é um livro para quem gosta de se desafiar, de se questionar, e sobretudo para quem gosta de uma escrita hábil, dura e mórbida.

O final do livro foi elaborado estrategicamente de forma a forçar o leitor a definhar lentamente até comprar o livro seguinte da saga. Estou M-O-R-T-A de curiosidade.

Este autor e realmente um achado, recomendo!

 

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