O Pintassilgo
Autor: Donna Tartt
Ano: 2014
Número de páginas: 896
Editora: Presença
Classificação: 5/5
Síntese: “Theo Decker, um adolescente de 13 anos, vive em Nova Iorque com a mãe com quem partilha uma relação muito próxima e que é a figura parental única, após a separação dos pais pouco antes do trágico acontecimento que dá início a este romance. Theo sobrevive inexplicavelmente ao acidente em que a mãe morre, no dia em que visitavam o Metropolitan Museum. Abandonado pelo pai, Theo é levado para casa da família de um amigo rico. Mas Theo tem dificuldade em adaptar-se à nova vida em Park Avenue, e sente a falta da mãe como uma dor intolerável. É neste contexto que uma pequena e misteriosa pintura se vai impondo a Theo como uma obsessão. E será essa pintura que finalmente, já em adulto, o conduzirá a entrar no submundo do crime.”
Critica:
Foram anos que perdi a namorar este livro, sem ter a decência e a coragem de lhe pegar. É um livro grosso, caro. Mas também é um livro inesquecível e único, completamente merecedor do prémio Pulitzer de Ficção. É sem dúvida o maior livro que já li, e um livro como já não lia há alguns anos.
Consequência de um episódio marcado pelo trauma da coincidência (ou destino?), a vida de Theo muda completamente e o mundo, tal como o conhecia, desaparece. Nos anos seguintes o protagonista vê a inocência da infância e a sua própria identidade, desfeitas pela dor da perda. Numa escrita em primeira pessoa dirigida ao leitor, sentimos a angústia de Theo e a nuvem existencial que o segue para todo o lado. O que difere o bem do mal? Porquê é que as coisas más acontecem às pessoas boas? Devemos seguir o que diz o nosso coração, ainda que seja moralmente condenável? Existe, de fato, a possibilidade de escolher entre ser-se forte e fraco?
O protagonista conclui quão injusta é a vida perante um fim irremediável onde a realidade não existe, só ilusão. Num mundo onde a vida é cruel e curta e o destino tão doloroso, talvez haja um propósito para que assim seja. Através de drogas, sexo, amor e roubo, família e amizade, suicídio e desespero, Walt Whitman e Lady Gaga, arte e restauro, pintores europeus, Rembrandt e Fabritius, Donna Tart enaltece a capacidade humana de ressuscitar e reinventar o que há de melhor em cada um.
Um livro inesquecível. Recomendo MUITO!